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A luta contra a pobreza menstrual e a preocupação ambiental no centro das atenções do projeto “Dignidade para elas”

publicado: 23/03/2022 11h34, última modificação: 23/03/2022 11h34

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o acesso à higiene menstrual é tido como um direito e deve ser tratado como uma questão de saúde pública e de direitos humanos. No Brasil, uma em cada quatro adolescentes não possui um absorvente durante seu período menstrual. Como consequência de mobilizações de grupos, movimentos ativistas e instituições, o tema começou a ganhar visibilidade nos debates de políticas públicas.

Com o projeto “Dignidade para elas”, orientado pela professora Érica Aniceto, as estudantes Alice de Magalhães Pedroza, Cecília Giacomin Costa e Vitória Cristina do Amarante Campos Silva, do curso técnico integrado de Edificações, e Camilla dos Santos Ferreira, de Mineração, esperam contribuir para minimizar a pobreza menstrual e empoderar as mulheres residentes de comunidades vulneráveis na região de Ouro Preto.

Inicialmente, as pesquisadoras se propunham a substituir os absorventes de plástico por ideais mais sustentáveis, como coletores menstruais ou absorventes de pano. No entanto, durante os estudos, as informações colhidas sobre a situação econômica, ecológica e sanitária em que se encontravam as mulheres-alvo da ação, as fizeram enxergar muros quase intransponíveis para o manejo da higiene menstrual. Daí, o projeto ganhou contornos até chegar ao absorvente produzido com matérias-primas naturais.

Cecília Giacomin, uma das integrantes da equipe, compreendeu bem com as colegas o intuito do programa e, apesar das limitações impostas pela pandemia, buscaram pontos em comum para desempacotar soluções pertinentes para algum problema em voga.

“Mesmo em ensino remoto, conseguimos estreitar laços, e acabamos nos conhecendo. Somos amigas que se interessam por coisas parecidas, e com uma empolgação mútua para projetos e inovação. Assim que tivemos nosso primeiro contato com o Power4Girls, foi possível entender a mensagem, eles queriam passar algo, não estavam em busca apenas de ideias, mas de inovações e pessoas que as carregam. Sabíamos que o melhor seria desenvolvido em nosso conjunto, sabíamos que juntas conseguíamos pensar em algo.”

Reconhecimento

A proposta inovadora das ouro-pretanas foi, recentemente, reconhecida ao ser uma das vinte selecionadas nacionalmente para a edição de 2022 do programa Power4Girls, ação promovida pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, em parceria com o Instituto Glória. Com o objetivo de impactar positivamente jovens que buscam uma oportunidade, o Power4Girls, cujo tema este ano aborda o “Meio Ambiente e Sustentabilidade”, visa empoderar meninas por meio de estratégias voltadas para o empreendedorismo, inovação, criatividade e liderança - importantes competências para um mundo cada vez mais globalizado e desafiador.

A recepção calorosa da notícia pelo grupo misturou-se à felicidade pela “oportunidade perfeita para falar e ajudar a solucionar algo que há muito tempo nos doía”, conta a orientadora do projeto. “O Power4Girls é um programa de grande importância, pois é uma oportunidade ímpar de adolescentes matriculadas na rede federal de ensino participarem de um projeto de grande relevância social, adentrarem no mundo da Ciência e aprenderem, aprenderem muito e debaterem sobre diversas questões que permeiam o mundo em que vivemos, por isso fiquei muito feliz quando as meninas me convidaram para orientá-las no projeto e, mais ainda, quando soube que ele foi selecionado”, acrescenta Érica.

Próximos passos

Até setembro, data em que levarão, para Brasília, os resultados da pesquisa, os meses serão de muito trabalho. Para que essa dedicação gere os frutos esperados, a rede de suporte educacional já se mostra presente e bastante necessária para a viabilidade das pretensões futuras do projeto. “O Reginato Fernandes, diretor-geral do campus Ouro Preto, já se disponibilizou em auxiliar-nos no que for preciso. Esse apoio é muito importante e é um grande incentivo para seguirmos adiante e, quem sabe, expandirmos o projeto em nosso campus e em nossa cidade”, espera Érica.