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Café com Pesquisa – Entrevista com o professor Alex de Carvalho
Mais uma vez, o “Café com Pesquisa – Entrevistas” apresenta a trajetória de quem contribui para o avanço da ciência no IFMG – Campus Ouro Preto. A série integra a programação do Café com Pesquisa, iniciativa da Diretoria de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação (DPIPG) que homenageia, com a entrega de Honra ao Mérito, pesquisadores que se destacam por sua dedicação e relevância acadêmica. Hoje, trazemos a entrevista com o professor Alex de Carvalho.
Graduado em Geografia pela UFMG e mestre e doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia e Análise Ambiental da mesma universidade, Alex é professor EBTT no IFMG – Campus Ouro Preto, atuando na Licenciatura em Geografia e nos cursos técnicos integrados ao Ensino Médio. Leciona disciplinas relacionadas à Geografia Física. Suas pesquisas concentram-se na Geomorfologia, Geomorfologia Fluvial e Hidrogeomorfologia. Além de coordenar o núcleo de Geografia do PIBID, é líder do Grupo de Pesquisa em Geografia e Temáticas Ambientais (GEOTA), criado em 2021, e integrante, desde 2008, do Grupo de Pesquisa “Geomorfologia e Recursos Hídricos – RIVUS” (IGC/UFMG/CNPq).
Uma boa conversa combina com café. Pegue sua xícara e conheça a trajetória de Alex de Carvalho na pesquisa!
Em que momento a pesquisa passou a fazer parte da sua vida acadêmica e profissional?
Alex de Carvalho: Ao ingressar no curso de licenciatura em Geografia da UFMG, tive a oportunidade de fazer parte de um programa da universidade chamado Pro-Noturno, em que estudantes de cursos noturnos poderiam ser orientados por professores do departamento de Geografia da instituição. Assim, a partir do 3º período de curso iniciei como bolsista do professor Antônio Magalhães. O professor já atuava em pesquisas sobre Geomorfologia Fluvial e recursos hídricos. Assim, iniciei minha atividade como pesquisador pelo referido programa e passei a atuar em diferentes projetos que o orientador atuava. A partir de então, compus as pesquisas e tive a oportunidade de iniciar a minha produção acadêmica. Desde então, conclui o curso de Geografia, fiz o mestrado e doutorado na UFMG e, ao entrar no IFMG pude continuar com as pesquisas, abrindo portas para que estudantes do Campus Ouro Preto pudessem, junto a mim, iniciar na pesquisa com os temas com os quais trabalho. No IFMG, além de Geomoroflogia Fluvial, tenho atuado em projetos com a temática do ensino.
Poderia citar alguns dos projetos de pesquisa, concluídos ou em andamento, que você desenvolve no IFMG – Campus Ouro Preto?
Alex de Carvalho: Atualmente coordeno três projetos de pesquisa cujas bolsas são financiadas pelo IFMG: "Processos fluviais e a configuração de fundos de vale e ambientes fluviais marginais nas superfícies de cimeira da Serra do Espinhaço Meridional, MG", "Interações entre os processos fluviais e a cobertura pedológica na evolução geomorfológica da bacia do Córrego da Contagem, Serra do Espinhaço Meridional - MG" e "Raciocínio geográfico e os livros didáticos do Ensino Fundamental II utilizados em escolas públicas de Ouro Preto".
Além desse, coordeno um projeto financiado pela FAPEMIG - Chamada Universal 2024: "Processos fluviais e a configuração de fundos de vale e ambientes fluviais marginais nas superfícies de cimeira da Serra do Espinhaço Meridional, MG ".
Também participo de outros projetos coordenados pela professora Caroline Delpupo: "Espaço Geociências: concepção e implantação de laboratórios físico, virtual e itinerante como lócus de pesquisa, ensino e extensão", "iGEO - IFMG/UFOP: Concepção e implantação de Banco de Práticas para o ensino de Geociências em Ouro Preto (MG)" e "Microestruturas de Vertissolos do Semiárido Brasileiro: contribuições ao estudo das origens e evolução pedológica".
Alguns trabalhos relacionados às pesquisas do docente podem ser conferidos nos artigos abaixo:
- Avaliação das condições de balneabilidade na Represa do Taboão, Santa Rita de Ouro Preto, Minas Gerais
- Arquivos fluviais quaternários no interior continetal: o contexto serrano de Minas Gerais, Brasil
- Sequências deposicionais fluviais e evolução geomorfológica da bacia do Rio Paraúna - Serra do Espinhaço Meridional, Sudeste do Brasil
- Fluvial archives as records of the late quaternary landscape evolution in the southeastern Brazilian highlands
- Relações entre ações antrópicas e taxas de turbidez na bacia Hidrográfica do Rio Maracujá, Amarantina-MG
Há algum projeto ou resultado de pesquisa do qual se orgulhe especialmente?
Alex de Carvalho: Os projetos financiados pelo IFMG são a base do trabalho que realizo com pesquisas. É inegável a importância de todos os projetos que aprovei no IFMG. No entanto, tendo em vista o reconhecimento de ter um projeto aprovado por uma agência de fomento externa, o projeto aprovado na FAPEMIG, em 2024, é o que mais me orgulha: "Processos fluviais e a configuração de fundos de vale e ambientes fluviais marginais nas superfícies de cimeira da Serra do Espinhaço Meridional, MG". Também é importante pelos recursos que financiam não só as bolsas, como também outras atividades e necessidades de um projeto de pesquisa, como aluguel de carro para atividades de campo, diárias e compra de reagentes.
Que parcerias ou colaborações têm sido importantes no seu trabalho?
Alex de Carvalho: Acredito que há duas parcerias importantes em meu trabalho com pesquisas. A parceria com o grupo RIVUS, da UFMG, do qual faço parte e é coordenado pelo meu ex-orientador, tem se mostrado muito produtiva. Após a conclusão do doutorado, tenho participado de diversos projetos do grupo, permitindo a continuidade das pesquisas e a inserção em uma rede de pesquisa sobre temas da Geomoroflogia Fluvial e recursos hídricos.
Outra parceria muito importante e de muito sucesso é feita com a professora Caroline Delpupo, com quem lidero o grupo de pesquisa em Geografia e Temáticas Ambientais (GEOTA). Essa parceria tem permitido um trabalho muito interessante de envolvimento das nossas áreas de pesquisa - Geomorfologia e Pedologia -, além das pesquisas voltadas para o ensino de Geografia. Nesse sentido, temos conseguido melhorar as condições do Laboratório de Geografia Física e fazer uma coordenação dos projetos de forma colaborativa. Essa parceria é importante porque tem nos permitido um trabalho mais contínuo com estudantes do curso de Geografia, em um trabalho de formação de pessoal com diversas habilidades.
Quais são, na sua opinião, os maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores brasileiros?
Alex de Carvalho: Eu vejo que um dos grandes gargalos da pesquisa no Brasil é a disponibilidade de recursos financeiros. No IFMG, por exemplo, como os recursos são escassos e têm diminuído nos últimos anos, os projetos selecionados acabam priorizando o financiamento de bolsas aos estudantes. Sem dúvida, isso é muito importante. No entanto, sem recursos para outras atividades ligadas à pesquisa, as ações acabam ficando muito limitadas. Quando se fala de projetos com financiamento externo, embora aumente consideravelmente os valores de recursos, a dificuldade é conseguir aprovar os projetos nos editais. De modo geral, são editais bem concorridos e os pesquisadores com mais tempo de experiência acabam tendo mais projetos aprovados e conseguindo mais recursos. De qualquer forma, a disponibilidade de recursos é o maior problema, a meu ver.
Que conselho você daria para estudantes que desejam seguir carreira acadêmica e de pesquisa?
Alex de Carvalho: O principal conselho é: apesar das dificuldades, abracem os desafio de participar de projetos de pesquisa quando houver possibilidade. Em cursos noturnos, como é o caso do curso em que atuo, os estudantes não têm muito tempo disponível para realizar outras atividades durante o dia - pesquisa, por exemplo. Apesar dessa e de outras dificuldades, o trabalho com pesquisa tem um potencial transformador na vida dos estudantes. A pesquisa é um oportunidade de formação que faz o estudante compreender como a ciência funciona na prática, como elaborar e executar projetos, o faz compreender as dificuldades na área e permite o prazer de contribuir com o mundo através de suas pesquisas. Tudo isso o torna um profissional diferenciado, mesmo se ele optar por não seguir carreira acadêmica ou na pesquisa. A pesquisa na graduação é uma oportunidade de se preparar para a entrada em um programa de pós-graduação, onde será muito fácil realizar suas atividades devido à prática que já realizou na graduação. Na formação de professores, aqueles que passaram por projetos de pesquisa têm um perfil de professor-pesquisador, o que contribui com um ensino menos voltado à memorização e mais comprometido com o fortalecimento do ensino e do papel da ciência nesse contexto.
