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Café com Pesquisa – Entrevista com a professora Caroline Delpupo Souza

por Tatiana Toledo publicado: 08/09/2025 16h02, última modificação: 11/09/2025 16h52

Nesta edição do "Café com Pesquisa - Entrevistas", vamos conhecer a trajetória de Caroline Delpupo Souza, que é geógrafa, com mestrado e doutorado em Agronomia (Solos e Nutrição de Plantas) pela Universidade Federal de Viçosa. Desde 2017, é professora da Coordenadoria de Geografia (CODAGEO) do IFMG - Campus Ouro Preto. É também professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais da Universidade Federal de Ouro Preto e, desde 2025, é pesquisadora visitante na University College Cork (UCC), Irlanda. É co-líder do Grupo de Pesquisa em Geografia e Temáticas Ambientais (GEOTA) do IFMG. 

A docente também integra o Conselho Consultivo da União da Geomorfologia Brasileira, o Conselho Editorial da Revista Brasileira de Geomorfologia e é membro da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e da European Geosciences Union.

Tem experiência nas áreas de Pedologia, Geografia Física, Ensino de Geografia e Geografia de Gênero, atuando em projetos de pesquisa e extensão relacionados à pedogênese, geoquímica, mineralogia do solo e relações solo-paisagem em ecossistemas da Antártica, ilhas oceânicas, Quadrilátero Ferrífero (MG) e sítios arqueológicos. Desenvolve, ainda, trabalhos em educação em solos, divulgação científica e educação científica no contexto dos Institutos Federais.

Uma boa conversa combina com café. Pegue sua xícara e conheça a trajetória de Caroline Delpupo na pesquisa!

1. Em que momento a pesquisa passou a fazer parte da sua vida acadêmica e profissional?

Caroline Delpupo: A pesquisa passou a fazer parte da minha vida acadêmica ainda na graduação, quando ingressei no Núcleo Terrantar (UFV), grupo dedicado a estudos de ecossistemas terrestres da Antártica e Cordilheira dos Andes. Foi lá que dei meus primeiros passos como pesquisadora e permaneci durante toda minha formação em Ciência do Solo, até o doutorado. Desde então, a pesquisa se tornou um pilar da minha atuação profissional, que sigo desenvolvendo no IFMG e em parcerias com outras instituições.

2. Poderia citar alguns dos projetos de pesquisa, concluídos ou em andamento, que você desenvolve no IFMG – Campus Ouro Preto?

Caroline Delpupo: Atualmente coordeno, junto ao professor Alex de Carvalho, três projetos correlacionados:

  • Mineralogia de frações grossas de solos do semiárido de Minas Gerais (FAPEMIG).
  • Mineralogia de grãos como proxy da evolução pedológica de solos de Minas Gerais (CNPq).
  • Insights sobre análises mineralógicas de grãos de solos tropicais (FAPEMIG).

Além deste, ainda há os projetos de Trabalho de Conclusão de Curso em nível de graduação e pós-graduação, em andamento:

  • iGEO - IFMG/UFOP: Concepção e implantação de Banco de Práticas para o ensino de Geociências em Ouro Preto (MG) (IFMG)
  • Educação para riscos hidrológicos: a escola como espaço de conscientização em uma comunidade vulnerável de Raul Soares - MG (PROFGEO/IFMG)
  • Formação de solos em terraços fluviais de duas sub-bacias do Espinhaço Meridional: estudo comparativo das feições e dos processos pedogenéticos em diferentes faces de exposição (IFMG)
  • Índice de perigo de incêndio florestais: um monitoramento das variáveis climatológicas de Ouro Preto (MG) e região e sua correlação com eventos reais de incêndios florestais em 2025 (IFMG)
  • Do gelo ao fogo: pedogênese e dinâmica térmico-hídrica em litossequência de solos vulcânicos da Islândia, Círculo Polar Ártico (UFOP)

3. Há algum projeto ou resultado de pesquisa do qual se orgulhe especialmente?

Caroline Delpupo: Tenho orgulho do conjunto de pesquisas que desenvolvemos no GEOTA, pois elas não apenas avançam no conhecimento sobre solos tropicais, mas também formam estudantes de graduação e pós-graduação, que participam de todas as etapas — desde análises laboratoriais até trabalhos de campo e eventos científicos no Brasil e no exterior. Alguns produtos científicos que destaco são: 

1. Soil and landform interplay in the dry valley of Edson Hills, Ellsworth Mountains, continental Antarctica
2. Soil formation in Seymour Island, Weddell Sea, Antarctica
3. PROFGEO: convergindo trajetórias em direção ao ensino de Geografia do IFMG
4. Mineralogia das frações areia e cascalho dos solos da XIV Reunião Brasileira de Classificação e Correlação de Solos - RCC de Goiás e Tocantins.
5. A Pedologia e seus diálogos científicos: abordagens analíticas transversais para o estudo dos solos

Na página do Grupo de Pesquisa GEOTA, no Instagram, há sempre atualizações sobre trabalhos acadêmicos e outros produtos desenvolvidos pelo grupo (geota.ifmgop)

4. Que parcerias ou colaborações têm sido importantes no seu trabalho?

Caroline Delpupo: Acredito fortemente que ninguém faz ciência sozinho. A principal parceria é com o professor Alex de Carvalho, com quem coordeno o GEOTA – Grupo de Pesquisa em Geografia e Temáticas Ambientais. Nosso trabalho conjunto tem sido fundamental para consolidar o grupo, desenvolver projetos de impacto no IFMG e em outras instituições e formar discentes. Além disso, o GEOTA mantém colaborações com a UFMG e a UFV, universidades de origem de seus coordenadores, e também com a UFOP, UFRPE, UNIFESP, FEAM e Embrapa-Solos. No cenário internacional, destaco o estágio pós-doutoral em andamento no Departamento de Geografia da University College Cork (Irlanda), sob supervisão do professor Dr. Aaron Lim, que vem fortalecendo a internacionalização do grupo.

5. Quais são, na sua opinião, os maiores desafios enfrentados pelos pesquisadores brasileiros?

Caroline Delpupo: Os principais desafios estão relacionados à escassez de recursos financeiros e à necessidade de conciliar pesquisa com múltiplas atribuições administrativas e de ensino. Apesar disso, a criatividade, a resiliência e o trabalho colaborativo têm garantido a continuidade e a qualidade das pesquisas realizadas no país.

6. Que conselho você daria para estudantes que desejam seguir carreira acadêmica e de pesquisa?

Caroline Delpupo: Cultivar a curiosidade científica, ter persistência diante dos obstáculos e buscar sempre oportunidades de aprendizado. A pesquisa exige dedicação, mas proporciona realização pessoal, crescimento acadêmico e impacto social significativo.


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