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Docente do IFMG - Campus Ouro Preto é eleito secretário regional da SBPC em Minas Gerais
Com mais de 90% dos votos válidos, o professor Pedro Camargo foi eleito para assumir a Secretaria Regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência em Minas Gerais (SBPC-MG) no biênio 2025–2027. A posse está marcada para o dia 17 de julho, durante a Assembleia Geral Ordinária de Sócios da entidade, que ocorre dentro da programação da 77ª Reunião Anual da SBPC.
O docente do Campus Ouro Preto já atuava desde 2021 como secretário regional adjunto da SBPC-MG. Agora, torna-se o primeiro professor da carreira EBTT a ocupar o cargo de secretário regional. Filiado à SBPC desde 2011, o professor destaca que sua trajetória nos movimentos sociais e na educação pública começou ainda quando era aluno do ensino técnico integrado na antiga ETFOP, atual IFMG – Campus Ouro Preto.
Em entrevista, ele comenta a importância dessa eleição para a ciência mineira, os desafios do novo mandato e o papel estratégico da SBPC na defesa de uma política científica voltada ao desenvolvimento sustentável do estado.
O que significa, para você, ser o primeiro professor EBTT a ocupar o cargo de secretário regional (e também adjunto) em Minas Gerais e qual a importância de um representante do IFMG em um cargo de liderança na SBPC?
Pedro Camargo: Ser o nosso primeiro (e até agora o único) docente a ocupar este cargo é uma mostra que os Institutos Federais, desde sua criação, têm jogado relevante papel na pesquisa brasileira. Papel este, diferente das universidades, já que trabalhamos com pesquisas aplicadas, incluindo aí um destaque especial para o ensino médio, nosso carro-chefe.
A importância para nossa instituição de um fato como esse só corrobora o enorme peso acadêmico e social do IFMG para a ciência mineira (e brasileira), mostrando como um dos maiores acertos deste país foi a criação e expansão da rede federal de ensino técnico.
A votação teve 90% de aprovação ao seu nome. Como avalia essa expressiva adesão?
Pedro Camargo: Esses números só mostram o acerto de nossa condução política nos últimos quatro anos, em que nosso grupo, de viés essencialmente progressista, tem buscado construir ciência em nosso estado a partir da realidade que temos, com as dificuldades e as dores que um estado desse tamanho apresenta. O reconhecimento nas urnas de nosso esforço na defesa de um projeto estadual de desenvolvimento e reindustrialização de matriz sustentável só colabora na compreensão que este é o único caminho para que Minas Gerais volte aos trilhos que outrora ocupou!
O que o motivou a se aproximar da SBPC e, posteriormente, a assumir um papel de liderança na entidade?
Pedro Camargo: Minha origem nos movimentos sociais vem desde que era aluno do integrado da antiga ETFOP, atual IFMG - Campus Ouro Preto, em que vi como o papel da educação de qualidade e da ciência podem mudar vidas (como mudou a minha). A SBPC é a maior entidade científica da América Latina, tendo tido, entre suas lideranças, figuras históricas como Milton Santos, Aziz Ab´Saber, Ennio Candotti, Helena Nader e, mais atualmente, o ex-ministro Renato Janine Ribeiro.
Representar em MG esta entidade é uma enorme responsabilidade, bem como fazer dela um motor da defesa da ciência e dos cientistas mineiros.
Em sua trajetória dentro da SBPC, houve algum momento que tenha marcado sua visão sobre ciência e educação no Brasil?
Pedro Camargo: São vários, né? Difícil apontar um único. Mas talvez mereça destaque a primeira vez em que fui a uma reunião anual da SBPC, uns 15 anos atrás, ainda como liderança estudantil. Quando vi a UFG com mais de 30 mil pessoas circulando e debatendo ciência, desde a importância de sua popularização até mesmo como ela atua como vetor de crescimento econômico e desenvolvimento para nossa nação, fiquei realmente impressionado, pois não imaginava que mais gente, além do meu ciclo de atuação, convergia com esse papel da ciência para o combate às desigualdades.
Quais são os principais desafios para este seu novo ciclo?
Pedro Camargo: Enfrentamos um grande desafio em nosso estado, que é a necessidade de superarmos nosso modelo agroexportador, bem como do modelo minerário arcaico, que pouco contribui com nosso PIB, se compararmos o que poderia ocorrer se nossa cadeia industrial estivesse efetivamente desenvolvida e consolidada.
Precisamos repensar o ciclo da mineração. O que fica pra nós quando o minério cru sai daqui? E a soja? Será que não é hora de modificarmos nossa estrutura com um choque de industrialização em que nosso estado possa ocupar o papel de outrora? E é justamente aí que está a ciência, pois através das pesquisas é que temos condições de mudar essa lógica, fazendo da própria FAPEMIG um setor que possa trazer investimentos capazes de retomar a construção de parques industriais e, finalmente, trazermos uma diversificação econômica que cresça de maneira equitativa nosso PIB estadual, contribuindo para a diminuição da dependência do atual modelo minerário.