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Elas Inspiram: O protagonismo feminino na valorização dos fazeres gastronômicos de Ouro Preto e região

Ao longo do mês de março, você terá a oportunidade de conhecer iniciativas conduzidas ou apoiadas por servidoras e alunas do campus que visam ao empoderamento, ao estabelecimento de redes e ao enfrentamento à desigualdade de gênero.
publicado: 18/03/2022 11h06, última modificação: 06/03/2023 11h31
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O protagonismo feminino na valorização dos fazeres gastronômicos de Ouro Preto e região.

Uma porção generosa de dedicação, com pitadas de amor, aquecidas no calor do protagonismo feminino: medidas e proporções que, se levadas à risca, rendem uma deliciosa receita. Quem segue religiosamente tais instruções, a fim de garantir o próprio sustento e assegurar a satisfação de seus clientes, são as quitandeiras de Ouro Preto e Mariana. 

O comprometimento culinário destas mulheres despertou a atenção da professora do IFMG - Campus Ouro Preto Cristiana Santos Andreoli. Interessada em realizar o resgate e o registro da memória gastronômica da região, Cristiana reúne bolsistas e colaboradoras em torno do projeto de extensão “As Quitandeiras”, uma iniciativa do Campus em parceria com a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). 

“Estamos promovendo a interação entre a comunidade ouro-pretana e a comunidade acadêmica do IFMG-OP. Essa troca é fundamental para todos os envolvidos, ao passo que assim podemos salvaguardar as receitas tradicionais de quitandas, por vezes perdidas”, avalia a professora.

Impulsionando quem faz acontecer

O projeto foi idealizado no curso de Gastronomia do IFMG - Campus Ouro Preto e começa a ganhar corpo de projeto de extensão, com foco na preservação dos saberes e fazeres culinários. Segundo a professora, a proposta do grupo procura gerar visibilidade às mulheres, acompanhando um movimento crescente de “ações que contribuem para minimizar as discrepâncias  de gênero”.

Contudo, a pandemia de COVID-19 adiou os planos de trabalhos da equipe. Os embargos impostos pela crise sanitária prejudicaram, especialmente, os esforços de mapear presencialmente as cozinheiras locais. Com a progressiva desaceleração dos índices pandêmicos, as pesquisadoras ensaiam, entusiasmadas, a volta das atividades de campo. Nesta etapa, elas se vêem diante do desafio de prosseguir com o levantamento geográfico interrompido, para, enfim, cadastrá-las e entrevistá-las.

Valéria Alves, uma das quatro colaboradoras do projeto, explica que a proliferação do vírus atrapalhou os trabalhos de campo das pesquisadoras, iniciados ainda em 2020. “Estamos já organizando para nos informar onde elas estão, e faremos uma reunião onde apresentaremos nosso projeto”, explica a estudante, que poderá, finalmente, desfrutar a oportunidade de experienciar a atuação extensionista.

Apesar de os trabalhos estarem em estágio de desenvolvimento e os laços entre as estudiosas e as quitandeiras ainda não terem se estreitado, Valéria anseia poder colaborar com o impulsionamento das participantes da iniciativa. “Tenho certeza que para mim vai ser uma experiência extraordinária, conhecer e poder dar visibilidade a essas mulheres, que em muitas ocasiões não tem consciência do tesouro de que elas são detentoras”, revela.

Ensinando e aprendendo

Há pelo menos três séculos, as quitandas constituem o cenário da região dos Inconfidentes, percorrendo gerações de mulheres determinadas à continuidade da tradição. Mesmo que aspectos primordiais das quitandas tenham sido preservados com o tempo, os avanços tecnológicos e as mudanças dos hábitos alimentares provocaram notáveis modificações nos costumes.

Diante ao contexto, a premissa básica de “As Quitandeiras” é amplificar a voz de cozinheiras locais, peças-chave para a manutenção da identidade gastronômica dessa terra. 

A solução encontrada, então, para difundir as técnicas de cozinha e representar fielmente a herança cultural local será a de gravar videoaulas, ministradas pelas próprias quitandeiras. O material, que contará com a produção da TV UFOP, será destinado ao público inscrito nos eventos organizados pelo grupo e às redes sociais do projeto. 

“[Assim] podemos salvaguardar as receitas tradicionais de quitandas, por vezes perdidas, e também divulgar as ações por meio das mídias digitais (vídeos e receitas), para toda a comunidade”, comenta Cristiana.

Para ajudar na pulverização do trabalho desempenhado pelas quitandeiras da região, a iniciativa se propõe, inclusive, a entregar à comunidade um compilado de receitas, contendo os ingredientes utilizados na confecção dos quitutes, os utensílios necessários e a história por trás dos pratos. Na obra, as cozinheiras receberão amplo destaque, com direito à sua identificação por fotos e por uma pequena biografia.

A ação carregará consigo o propósito de ser uma via de mão dupla, uma vez que ressoando a produção das quitandeiras, ganha também a comunidade, com a preservação dos elementos constituintes do patrimônio cultural, histórico e imaterial das cidades históricas. A integração entre escola e sociedade também será uma das grandes beneficiadas pela iniciativa.

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