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Minas Gerais é um dos estados que mais mata LGBT’s

Em Minas Gerais, a comunidade LGBTQ+ vem sendo alvo de muita desigualdade
publicado: 17/12/2019 13h02, última modificação: 17/12/2019 13h02

Luísa de Matos
Manuela Coelho
Maria Eduarda Barsante
Tamara Cruz

 

Nos últimos dois anos a sociedade LGBTQ+, em Minas Gerais, tem presenciado diversas situações desagradáveis relacionadas a atos de preconceito e desigualdade.

De acordo com o jornal “Brasil de Fato”, Minas Gerais é o segundo estado com o maior índice de morte LGBTQ+ no Brasil. Uma pesquisa feita pelo Grupo Gay Bahia mostra que, em 2017, 445 pessoas foram assassinadas por serem LGBT’s e 43 desses homicídios foram cometidos no estado. Nessa mesma pesquisa, mostra-se que de janeiro a abril de 2018, o número de homicídios por homofobia no Brasil foi de 153, sendo 9 deles em Minas Gerais.

Foi feita, através de questionários, uma pesquisa com alunxs do Instituto Federal de Minas Gerais – Campus Ouro Preto. Essa pesquisa obteve 95 alunxs votantes, dos quais apenas 36% fazem parte da sociedade LGBTQ+.

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36% dos votantes fazem parte da sociedade LGBT, e 30% dos entrevistados afirmam já terem se sentido deslocados em algum lugar por causa de sua orientação sexual, o que sugere que a quantidade de pessoas LGBT’s que nunca se sentiram deslocados é pequena, uma realidade que precisa ser repensada em nossa sociedade, porque sua orientação sexual não deveria definir quem você é.

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O Ministério dos Direitos Humanos criou o disque 100 na intenção de impulsionar programas para o enfrentamento do preconceito contra essa comunidade. Porém, ainda podemos observar agressões psicológicas, e até mesmo físicas, contra essas pessoas.

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As pessoas durante muito tempo foram educadas com a moral dos bons costumes, tornando para si incompreensível toda forma de expressão e sexualidade que fugisse ao que estivesse estabelecido normativamente para ser seguido. Isso explica, mas não justifica que os pais ou as gerações mais velhas sejam mais fechados em relação à sexualidade dos mais jovens. Esta incompreensão dos adultos poderia explicar também o motivo dxs alunxs do IFMG-OP se sentirem mais à vontade na escola com os amigos do que em casa com a família.

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Em relatos de alunxs do IFMG-OP, pode-se perceber que, muitas vezes, a família pode ser pouco acolhedora e rejeitar pessoas que se assumem como LGBT’s.

“Um garoto hétero chega em casa apresentando sua namorada e a família se orgulha. Agora imagine um homossexual chegando em casa com seu namorado. Bom, com a minha família foi uma situação bem tensa” – Anônimo.

“Não me rotulo em relação a minha orientação sexual, mas na verdade inventaram um rótulo para quem não quer um, que é pomossexual. As pessoas são confusas em relação a quem eu sou, acho que não saí do armário da forma correta, se é que existe uma. Pra mim foi tudo muito forçado e doloroso, eu estava em processo de autoconhecimento e começando a me relacionar com uma pessoa (uma mulher). Começaram a surgir os boatos, falsas verdades, e, por isso, tive de escutar muitas coisas que não gostaria de ter escutado, frases como “você me envergonha” “envergonha a família” “devia tomar vergonha na cara e se casar com um homem”. Fui chamada de ingrata e mal agradecida pelas pessoas que cuidaram de mim, pelo simples fato de me relacionar com alguém que eu gostava, e isso fez eu me sentir quebrada, com defeito, mas sabia que não tinha como mudar” – Anônimo.

A desigualdade sofrida pela sociedade LGBT, cada vez mais, se mostra algo perigoso e doentio, afinal, dados afirma que há pessoas sendo mortas por uma crença de que “não se pode existir relações amorosas, a não ser que sejam entre um homem e uma mulher”. É preciso revermos essa situação urgentemente.

 


* Produzida por discentes, essa reportagem faz parte de uma série especial sobre o impacto das desigualdades na juventude de Ouro Preto, orientada pela pelo professor de Língua Portuguesa Paulo Ricardo Moura.

Os dados e aopiniões aqui expressos são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as políticas ou opiniões da Instituição.

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