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Poema-escultura

por alessander.thomaz publicado 28/08/2014 15h13, última modificação 31/10/2023 10h38
"Batuque", uma estrutura feita em aço com quase três metros de altura, obra de Guilherme Mansur, será apresentada nesta sexta-feira, dia 29, às 10 horas

"Batuque", uma estrutura feita em aço com quase três metros de altura, obra do artista Guilherme Mansur, será apresentada nesta sexta-feira, dia 29, às 10 horas, no Câmpus Ouro Preto.

O poema-escultura é composto de um verso, ferro batido batuque, que vai se desdobrando na estrutura feita em aço. “O trabalho foi pensado a partir dos gradis das sacadas de Ouro Preto. Com o desdobrar das palavras se forma uma renda de ferro, porque cada linha vazada está ‘amarrada’ na seguinte. Isso é também uma alusão ao trabalho contínuo do ferreiro, o de bater e rebater o ferro na bigorna, e ao som desse andamento”, explica Mansur.

Batuque se completa com elementos externos à obra. Como as fontes foram gravadas de forma vazada, o poema-escultura faz uma parceria com a luz do sol, que atravessa as letras e as projeta no chão. “Temos assim uma leitura de luz e sombra, de ‘chiaroscuro’. O sol constrói a terceira dimensão da escultura”, diz o poeta.

Arte no Campus

O poema-escultura Batuque se une a outras obras que, desde 2007, compõe a  galeria de arte a céu aberto que o IFMG criou em Ouro Preto. O professor Haroldo de Paiva Pereira, idealizador do projeto Arte no Campus, que já trouxe para o instituto trabalhos de Jorge dos Anjos, Roberto Sussuca e Jáder Barroso, acredita na importância de artistas contemporâneos ocuparem espaços diversos de Ouro Preto. “A presença de uma obra do poeta Guilherme Mansur contribuirá para valorizar o acervo público não só do Campus, mas da cidade”, afirma o professor.

Para Mansur, Batuque pode ser um agente provocador entre os estudantes. “O poema-escultura instiga os meninos a interagir com o objeto, a ler o poema no chão, a ver o trabalho como um todo. É mais um elemento dentro do universo de informações que os rodeia”, diz.

 

Documentação do processo

Batuque foi feito em Contagem, na região central de Minas Gerais. Guilherme Mansur acompanhou de perto a fabricação do trabalho. Um ensaio feito pelo fotógrafo Germano Neto e um vídeo de autoria de Diego Benitez registraram o encontro do poeta com a obra ainda em construção. O material poderá ser visto também no dia 29, durante a inauguração do poema-escultura.

 

 

Um poema de Guilherme Mansur

por Angelo Oswaldo de Araújo Santos, presidente do Instituto Brasileiro de Museus

 

Guilherme Mansur, ouro-pretano, criou “Poesia Livre”, poemas em cartelas no saquinho de pão, aventura dos anos 1970. Fez instalações, cria e inventa sem parar.

Haroldo de Campos o chamou de “tipoeta”, em alusão ao seu trabalho como tipógrafo, a serviço da poesia, na tipografia da família. Acostumado a lidar com o metal na impressão, ele agora faz um poema em aço vazado.

O poeta transpõe a chapa, e a luz solar atravessa o texto para escrever o verso no asfalto. Verso único, como o toque do batuque, batido e rebatido em letras vazadas, uma renda semântica no ferro.

Ferro batido na sacada onde o poeta saca o mundo que erra, ferro nas calçadas drummondianas, berro na vida em que se leva ferro, batuque do rosário, batido no estuque, verso afrodisíaco.

Ferro batido batuque. Verbo, som e luz, poesia.

 

Batuque é uma realização do IFMG, por meio do projeto Arte no Campus. Tem patrocínio da Gerdau e da Samarco e apoio da Dinaço.

 

 

SERVIÇO

Inauguração do poema-escultura Batuque, de Guilherme Mansur

 

Onde: Campus do IFMG (r. Pandiá Calógeras, 898, Ouro Preto)

Quando: 29 de agosto, às 10h

Entrada gratuita

 

Matéria publicada originalmente no dia 28/08/2014 15:13