Estudo da Rede Migratória Brasileira: uma caracterização das interações entre os municípios de origem e destino a luz da análise de redes
As migrações internas são um dos fenômenos sociais mais relevantes para a compreensão da dinâmica social e da organização do espaço urbano brasileiro desde meados do século XX. A formação da sociedade urbano industrial se confunde com a história dos grandes fluxos migratórios que acompanharam a movimentação do capital e reforçaram as desigualdades econômicas entre as diferentes regiões do país. Os dados mais recentes tem indicado uma profunda modificação nos padrões da movimentação populacional desde a década de 1980, resultado do aumento expressivo do grau de urbanização e também dos efeitos espaciais do processo de reestruturação produtiva, cuja principal característica é a desconcentração econômica e demográfica. Em virtude desses processos nota-se a consolidação de uma rede urbana mais complexa, com destaque para o dinamismo dos centros de porte médio, que tem retido e atraído contingentes populacionais cada vez maiores. O presente projeto de pesquisa procura contribuir nessa discussão através uma análise das trocas migratórias entre os municípios brasileiros a luz dos métodos de análise de redes. Apoiado em uma perspectiva sistêmica e relacional, tais métodos encerram uma série de algoritmos da álgebra matricial que descrevem a estrutura de relações entre os atores de uma rede qualquer. No caso em especifico será analisada a matriz de trocas populacionais entre os 5565 municípios brasileiros em 2010, comparando os fluxos populacionais em três períodos no tempo: 1986-1991, 1995-2000 e 2005-2010. Os dados são constantes do Censo Demográfico do IBGE. Ao instrumentalizar o conceito de redes para descrever o impacto territorial dos fluxos migratórios espera-se contribuir para compreender a dimensão espacial da reestruturação produtiva brasileira, além de abrir novos campos de reflexão nos estudos migratórios.
Orientador: Fernando Gomes Braga