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"Eu faço parte desta história": entrevista com Paulo Roberto Barboza Gomes

publicado: 27/03/2025 10h35, última modificação: 27/03/2025 11h36

Paulo Roberto Barboza GomesDando sequência à série "Eu faço parte desta história", apresentamos hoje a entrevista com o técnico-administrativo Paulo Roberto Barboza Gomes. Com uma trajetória marcada pela dedicação e pelo envolvimento em diversas áreas da instituição, Paulo acumula uma vasta experiência em setores administrativos e acadêmicos.

Ex-aluno da instituição, a história de Paulo no IFMG teve início antes mesmo de sua admissão como servidor, tendo cursado o técnico integrado em Edificações e, posteriormente, o extinto curso pós-médio em Turismo, sendo homenageado, à época, como melhor aluno da turma. Anos depois, em dezembro de 2008, foi aprovado em concurso público com vagas destinadas tanto para o então CEFET-Ouro Preto quanto para a UNED Congonhas. Convidado pelo diretor da UNED à época, Prof. Eleonardo Lucas Pereira, iniciou suas atividades naquela unidade. Ao entrar em exercício em 05/01/2009, entretanto, a UNED já havia sido transformada em um campus do recém-criado Instituto Federal de Minas Gerais. Permaneceu em Congonhas até abril de 2012 e, em 02/05/2012, deu início à sua história como técnico-administrativo no IFMG - Campus Ouro Preto.

Paulo esteve à frente de diversas funções e setores, sempre contribuindo com sua experiência e comprometimento. Em Ouro Preto, atuou como Assistente de Extensão, Coordenador de Inovação e Extensão, Coordenador de Inovação e Empreendedorismo, Chefe de Gabinete (nas gestões de Arthur Versiani Machado e de Reginato Fernandes dos Santos), Coordenador de Assuntos Institucionais, Comunicação e Eventos, Coordenador de Registro Acadêmico e Chefe da Seção de Cadastro e Pagamento Substituto. Atualmente, em sua quarta passagem pela Extensão, agora Diretoria de Extensão, Esporte e Cultura (DEXT), Paulo exerce a função de Chefe do Setor de Relações Empresariais. Além disso, participou ativamente de comissões, grupos de trabalho, núcleos, concursos públicos, processos seletivos, fiscalização de contratos e eventos institucionais, além de atuar como mestre de cerimônias em diversas solenidades do campus.

Com uma trajetória marcada pela versatilidade e pelo compromisso com a instituição, ele compartilha um pouco de sua história e das experiências adquiridas ao longo desses anos no IFMG.

Confira a entrevista completa e boa leitura!


 

Como foi seu primeiro dia na ETFOP ou no IFMG - Campus Ouro Preto? O que mais te marcou quando você entrou pela primeira vez na instituição?

Paulo: Divido essa pergunta em duas fases: minha impressão como aluno da ETFOP e como servidor público do IFMG. Ao voltar no tempo, lá nos idos de 1994, a minha primeira memória em relação ao curso de Edificações Noturno está ligada ao processo seletivo. Se nos tempos recentes e atuais, por meio dos smartphones, iPhones, Androids e computadores, rapidamente os candidatos reconhecem ou não se foram aprovados no Processo Seletivo, naquela oportunidade grudávamos nossos ouvidos nos radinhos e aguardávamos ansiosamente que o nosso querido mestre de cerimônias - o servidor aposentado Darcy Silva - falasse, ao vivo, nas ondas do Rádio Cultura de Ouro Preto, a lista dos aprovados. Se perdêssemos o momento, a ansiedade redobrava até passar por todos os cursos e turmas e retornar à nossa. Curioso é que, mal acabara de ouvir a informação na rádio, veteranos e alguns calouros já se encontravam ao portão da casa de minha mãe, convocando-me para raspar meu cabelo na praça central do distrito de Cachoeira. Tudo com empolgação, mas, acima de tudo, respeito, sem machucar, sem ofender ninguém...

Como servidor público, meu primeiro dia (05/01/2009) foi um misto de emoção, surpresas e desafios. Isso porque não havia transporte público de Cachoeira do Campo até a cidade de Congonhas; fui bandeando em mais de um ônibus até chegar à UNED Congonhas, debaixo de muita chuva e com os pés e pernas enlameados, pois o acesso na chegada àquela unidade era entre dois morros, dos quais jorrava muito barro. Mas isso era superado pela emoção de me tornar servidor público, tanto que fiz o trajeto entre Cachoeira do Campo e Congonhas, uma distância de 150 km diários, por quase 3,5 anos. E estar aqui no Campus Ouro Preto, em 02/05/2012, foi a sensação de um filho que retorna à sua casa, dado o profundo carinho e respeito que tenho por essa escola e por todos os profissionais e alunos que por aqui passam diariamente.

Tem algum projeto, aula, momento ou período que você considera o mais marcante da sua trajetória aqui?

Paulo: Poderia descrever vários momentos marcantes, mas faltaria espaço nesta entrevista. Participar do processo educativo em uma escola pública federal é uma missão cuja dimensão, às vezes, não conseguimos enxergar completamente em nossas vidas e na vida daqueles que atingimos e com quem convivemos. Mas, para citar um fato que liga minha vida acadêmica e profissional aqui no Campus Ouro Preto, destaco a cerimônia do septuagésimo oitavo aniversário de fundação desta escola, onde tive a honra de ser o orador dos alunos que completavam 25 anos de formados. Das turmas que completavam 25 anos de formatura, fomos a que mais trouxe ex-alunos ao evento. Ali, vi o quanto esta escola nos transformou, ampliou nossos horizontes e que agora, como servidor público, eu deveria continuar lutando para que muitos e muitos jovens continuem aqui, ajudando a construir a história da educação pública federal em nosso município e região.

Que tipo de atividade ou rotina no campus mais te dá satisfação? O que faz você sentir que está contribuindo diretamente?

Paulo: Como servidor público e da educação, temos um papel fundamental na sociedade: sermos pontes para jovens que buscam seu crescimento a partir da educação. Para mim, todos aqui - docentes, TAEs e colaboradores terceirizados - são mestres em educação. Isso porque, para que se chegue lá na ponta, a uma aula, a uma visita técnica, a um trabalho de campo, a uma mostra científica, a uma palestra, são muitas mãos que se entrelaçam para que isso ocorra na prática. O que me dá satisfação é me enxergar neste processo, todos os dias, procurando sempre dar o melhor de mim e buscando o melhor dos outros.
 

O que você acha que mudou mais ao longo dos anos na instituição, e como foi participar dessas transformações?

Paulo: A nossa vida está em constante movimento, e não podemos "frear" o tempo. Estamos em constante evolução, ainda que passemos por percalços, como foi o afastamento físico de todos durante o período da pandemia da COVID-19. Eu não vejo nenhum dia como rotina, porque sempre há demandas novas, sistemas novos, e novos seres humanos - alunos e servidores, obviamente, como menos rotatividade entre os servidores. O que muda, e muda cada vez mais rápido, é a velocidade das informações. Recordo-me de que lá em 1994, como aluno, recebíamos o boletim, que pelo formato de impressão, muitos colegas chamavam de "conta de luz". O avanço da tecnologia e sua velocidade são impactantes. Participar de tudo isso é um aprendizado constante e diário.

Quais desafios você acredita que a instituição enfrenta e ainda vai enfrentar nos próximos anos?

Paulo: São muitos os desafios diários: a falta e/ou redução dos recursos financeiros prejudica, e muito, nosso produto final, o ensino. A desvalorização à qual são submetidas as instituições públicas de ensino e seus trabalhadores - efetivos e terceirizados - tem levado muitos estudantes a procurarem outras instituições, outras modalidades de ensino, outros caminhos. Cada vez mais temos concorrentes - muitos deles, vizinhos ao nosso campus - que acabam seduzindo nossos atuais e futuros alunos. Manter-nos atrativos a esses jovens, nesse cenário, é uma luta diária.

O que mais te motiva a continuar fazendo parte desta história no IFMG?

Paulo: A sensação, ou melhor, a consciência de que sou um agente transformador neste processo educacional. Eu me reconheço naquilo que valorizo. Assim, mesmo não estando diretamente "dentro" da sala de aula, procuro retribuir a essa escola, ou mais, a forma como ela foi um divisor de águas em minha vida. Lutemos sempre pela educação gratuita e de qualidade.

Quais são os valores ou lições que o IFMG te ensinou e que você leva para a vida?

Paulo: Como aluno da antiga ETFOP, o Campus me trouxe a maturidade, o alargamento de horizontes e possibilidades, o desejo de dar prosseguimento à minha vida acadêmica. Como servidor público, a grande lição é o serviço, ou seja, com o meu trabalho, retribuo a essa escola, que a sociedade/contribuinte também mantém de pé. A lição, como disse anteriormente, é lutar, diuturnamente, pela educação gratuita e de qualidade.

Que conselhos você daria para os novos servidores que estão começando agora?

Paulo: Deem sempre o melhor de si; valorizem o serviço público; lutem para que gerações e gerações ainda tenham acesso à educação pública, assim como você está tendo. E claro, trabalhe sempre de forma colaborativa e em equipe. Se hoje essa escola é octogenária, foi porque muitas mãos a trouxeram até aqui. Vida longa ao IFMG.

Se você pudesse voltar no tempo e dar um conselho para o Paulo quando ingressou na instituição, qual seria?

Paulo: Como ex-aluno, eu diria que vale a pena estudar no IFMG. É suado, exige esforço, mas a preparação aqui recebida é diferenciada. Como servidor público, eu diria: envolva-se, discuta, critique de forma construtiva, faça parte desta história de verdade, todos os dias em que aqui estiver.

 


 

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